Mar me quer


       







                                                  

                                                                                                                                                              


                                                                     

quinta-feira, novembro 06, 2025

Bangladeshal em três atos









1º ato. A provocação. O partido de direita chama a atenção. Diz uma lapalissada malcriada sobre um país e um povo e consegue. “Isto não é o Bangladesh”, nem a Suécia, o Burkina Faso, ou o Raio-que-o-Parta. As notícias repetem-se sempre em tom de inflamação. O partido de direita queria chamar a atenção e consegue. Picaram o isco. Está terminado o primeiro ato. 

2º ato. O clamor. Os outros partidos, os jornalistas e os opinion makers, que detestam o partido de direita, rasgam as vestes e clamam, exagerando, que o partido é racista, fascista, nazi! Nada disso está naquele cartaz. Está lá apenas uma lapalissada mal criada. Contudo, apesar do mau gosto Portugal, de facto, não é o Bangladesh. Mais notícias, análises, reações. O clamor é o segundo ato. 

3º ato. O contra-golpe. O líder do partido de direita desfaz-se em tweets, reações e entrevistas em que reafirma o que diz o cartaz, mas ao mesmo tempo recua dizendo que “claro que os imigrantes do Bangladesh que são de bem podem estar, mas que os que são maus é que não”. Dobra a parada, duplica a lapalissada, enquanto demonstra que ser ou não do Bangladesh é, afinal, indiferente. Contudo, reafirma que isto não é o Bangladesh. Explica em repetição o que é apenas uma lapalissada. A cada entrevista e em hipérbole mais partidos, jornalistas e opinion makers dizem que o partido de direita é racista, fascista, nazi! Caem uma vez mais no engodo. A hipérbole é o terceiro ato. 

Epílogo. Os Portugueses assistem a mais uma peça de três atos. O partido de direita é falado ad nauseam por partidos, jornalistas e opinion makers que, por causa de uma (muitas) lapalissada(s) malcriada(s) lhe chamam, exagerando, racistas, fascistas, nazis. Os portugueses olham para um lado e olham para o outro e concluem: 1) De facto Portugal não é o Bangladesh; 2) Nenhuma lapalissada grosseira, por si só, transforma um partido num bando de racistas, fascistas e muito menos nazis! De um lado uma verdade de La Palice (malcriada, bruta, execrável na forma como é posta, sim); do outro uma mentira (bem educada, polida mas ainda assim longe da verdade). 

E assim se repete mais uma tragicomédia em três atos. Agora… em que é que o partido de direita estará a pensar para a próxima lapalissada? 

É que a coisa rende, oh se rede, neste nosso querido Bangladeshal. 

*Em baixo clip do "The Concert for Bangladesh" de George Harrison, que aconteceu no Madison Square Garden, Nova Iorque, a 1 de agosto de 1971. Era de coisas destas que deviam estar todos a falar! 

#JeSuisBangladeshi


    Por Afonso Vaz Pinto :: 23:29 :: 0 Comentários

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