segunda-feira, dezembro 12, 2005
Mar salgado
Ilha de Moçambique, Moçambique, 2002 - Foto: AVP
Mar me quer. A expressão não é minha. Quem conhece o seu autor, facilmente reconhece o estilo: Mia Couto. Mas é isso que sinto, sempre senti. Que preciso de mar. De ir por aí...
Esta fotografia, tirei-a na Ilha de Moçambique, que deu depois nome à colónia que se fez país há 30 anos atrás. Foi talvez o sítio onde mais gostei de estar. Tinha quase tudo: África, Índico e a marca do nosso Portugal. Respira-se, ao mesmo tempo, estas três dimensões. Só não tinha aquele cheiro a maresia que só o mar português tem...
«Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. ...Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!»
in Mensagem, Fernado PessoaEtiquetas: #Afonso
Por Afonso Vaz Pinto ::
00:28 ::
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