Associado incessantemente ao mundo cultural e histórico que fala português, a lusófonia é raramente vista como um espaço de negócio, oportunidade de fazer dinheiro, acrescentar valor. Marcado por uma conversa de surdos que mete no mesmo cesto a vergonha colonial portuguesa com a frustação e necessidade de afirmação das antigas possessões portuguesas, cada qual com o seu trauma. Ligado a isto tudo uma interpretação política e não história do que foi a relação dos povos lusófonos nos últimos quinhentos anos e a posição de cócoras assumida perante o mundo e a lusófonia do seu mentor, Portugal.
O ponto é que existe um espaço infindável de progressão. É a vantagem de tudo o que é subdesenvolvido... a oportunidade óbvia de progresso porque está tudo por fazer. E o Estado português pouco faz neste caminho e este é outro ponto: não tem que o fazer. Se em termos diplomáticas e políticos há ainda muito a fazer, a verdade é que pouco ou nada restará se não forem os privados a lançarem-se nesse mar de oportunidades.
Um exemplo a seguir neste sentido é o de Miguel Paes do Amaral, ex-patrão do grupo Mediacapital. Este empresário dedicou o ano de 2007 a comprar editoras portuguesas e tem para o ano que agora começa o plano de alargar para o Brasil e Moçambique com a ambição de se tornar no maior grupo editorial lusófono (do mundo, passe a expressão). Boas notícias que espero que sejam seguidas por outros lusófonos quaisquer que sejam as suas origens ou geografias... sob pena de sermos todos absorvidos por uma outra língua qualquer.
Outro momento alto. Travessia da fronteira entre África do Sul e Suazilândia. Num Kia Rio (equivalente ao Polo), numa estrada de terra, em construçã e com um bruto de um precipício a acompanhar-nos nas 5 horas de viagem... tal como as paisagens de que esta é apenas um postal. Pelo caminho uma conversa com um Namíbiano branco que nos explicou que a fronteia ficava a 6 km e que fechava às 16hoo - eram 15h10 e claro que nós não sabíamos. Lá fomos nos nossos 20 km/hora e fomos o 9º carro a passar ali desde fins do passado mês de Outubro. Enfim, uma aventura à antiga e com o pneu sobressalente furado. E depois de tudo isto o país mais bonito do mundo... uma Suiça sem suiços.... paraíso, portanto.
Ponto alto do Safari. Estivemos a dois metros de quatro leões e perseguimo-los no início da sua patrulha nocturna à procura de caça. Ainda se interessaram por alguns animais e chegámos a vê-los a formarem a sua táctica. Tarde demais... acabámos por ter que os ambadonar. Adrenalina pura durante mais de uma hora. Obrigado ao Mike, o nosso ranger exclusivo, que para além de me ter vendido a camisa ainda ficou a jantar connosco. Pelo caminho vimos também dois Black Backed Jackals (Chacais de dorso preto?). Tudo nu jipe decapotável e sem protecções que ficou todo por nossa conta... Luxo é luxo.
AVP e Nuno L. em Lisbon Falls, África do Sul, Dez. 2007
Era uma vez, dois amigos que tiveram um paio do caraças e viram buéda coisas muita giras e que nem há 48 horas tava a beber umas jolas na pescina acompanhados de travessas de ameijoas e muito camarão. Pelo caminho empanturraram-se de leões e outras feras. Andaram nas costas de um elefante africano, viram as paisagens brutais e a cada dificuldade lá o Xicuembo ainda nos dava melhor. Faço votos para que continuem a ir p'ro Algarve e p'ra neve nas férias que eu fico com África só p'ra mim...
Imagem de rosto do 'Mar me quer' cedida por Bernardo SC
Chapas
Inhaca - Namaacha, Moçambique 2001
Namaacha, 2001 (AVP) e (Ingrid)
Ilha de Moçambique (AVP) e Pemba, 2002 Moholoholo, África do Sul, 2005 (AVP)
Murchison Falls, Uganda, 2006
Murchison Falls, Uganda, 2006
Entebbe, Uganda, 2006
Eu, há muitos anos
Pemba 2002 Momemo 2003 (Moçambique) e Gambozinos 2005 (Ponte de Lima)