sábado, janeiro 14, 2006
Rumo a Norte
Foto: (Expresso) Um dos refugiados com o diário
que foi escrevendo durante a fuga. Em folhas de
toda espécie e inclusivamente em maços de
tabaço.
Enquanto nós, europeus, demonstramos um enorme fascínio pelo Sul ou pelo exótico, e enquanto várias centenas dos «nossos» se metem em românticos rallys rumo a Dakar, milhares de africanos fazem exactamente o oposto. Vêm para Norte. De etapa em etapa vão lutando pela sobrevivência. E nós? Bom, nós mandamo-los de volta e prometemos mandar depois umas sacas de ajuda humanitária. E, pronto, está resolvido...
É triste, arrasador até, ver o destino destas pessoas. Como vi hoje, também na Única (ver post em baixo) que conta um pouco a história de 12 almas que vieram por aí acima e que... se safaram. Coisa rara, o Governo português admitiu-os no país. Talvez porque o actual Alto-Comissário da ONU para os Refugiados seja António Guterres e quem lhe tenha dito que «sim, senhor» tenha sido seu ministro noutros tempos (digo isto sem ironia). E ainda bem.
Talvez seja altura de Portugal lançar um plano para promover a Paz no mundo, começando por arrumar a casa e abrir a porta a mais destes aventureiros... Deus deu-nos o mar. Nós devímos dar um bocado da nossa terra...
ps(d)1: Camarada Irina, esta é para ti. Coincidências à parte, eis que a Bobadela volta às páginas das revistas. Quando chegaram a «terras de Jorge Sampaio» os 12 refugiados ficaram na tua santa terrinha.
ps(d)2: queria lembrar aqui um grupo de refugiados do Burundi que conheci há dois anos no Maputo e, especialmente, do Sylvan King, com quem convivi de perto e com quem trabalhei, que na última vez que tive notícias dele já se encontrava no seu país. Espero que tenha cortado a meta do seu «rally» em paz e em segurança.
Etiquetas: #Afonso
Por Afonso Vaz Pinto ::
18:02 ::
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